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O direito de ser brega e o Cinema visto como obrigação


Sempre gosto de ler e discutir sobre filmes na temporada de premiações, mesmo que nunca seja um indicativo que uma obra seja boa, as premiações sempre foram uma boa chance de discutir cinema e premiar belos trabalhos (mesmo que não fossem os melhores do ano), com isso o Sag Awards 2022 chegou e alguns cinéfilos que para tentar descredibilizar uma obra que não gostaram de ter ganhado o prêmio principal, esse ano quem ganhou foi o Coda(dir.Siân Heder), eles começaram a zoar na internet sobre o tratamento de prestígio de um filme que eles consideravam "Brega", "meloso", "cafona" ou "fillme do disney channel" .

É irônico, a cinefilia se forçou tanto para criar um status de diferentões que, para se diferenciar dos "leigos" , muitos deles tem a aversão em se emocionar com um filme; seja pra rir, chorar, se amedrontar, ficar com raiva dos acontecimentos; e pior, eles resolvem zombar de alguém que gostou de um longa por ter se emocionado com ele .

É um grupo cinéfilo  que acha que cinemas são apenas fotos sequenciais em movimentos e um momento para diretores brilharem com jogos de câmera , mas nunca entende como um tipo de obra que está também comprometida com o despertar de emoções, seja em um filme convencional de drama ou um filme abstrato e mais incomum. 

Vamos aos fatos, as criticas secas e fracas na argumentação contra o filme Coda (dir.Siân Heder) , foram as que me inspiraram a escrever esse post, mesmo que já tenha percebido essa repetição em criticas para obras como La Strada (dir.Frederico Fellini), The Children's Hour (dir. William Wyler) e até Little Women (dir.Greta Gerwing). 

Obviamente não falo de criticas negativas que acreditam que uma obra não conseguiu despertar emoções mesmo obviamente tentando, de certa forma, esse tipo de crítica aprecia a intenção de bons filmes em querer despertar emoções nos telespectadores, falo principalmente da massa cinéfila que acredita que o argumento de se emocionar com um longa-metragem não seja uma boa argumentação para creditar uma obra cinematográfica como boa,o que para mim é apenas uma falácia criada para afastar o público leigo das críticas do cinema e afagar o ego dos cinéfilos que acham que são mais sábios e não alienados que as outras pessoas por conta de sua faixa de "assistidos" no letterboxd ser alta.

O que se comunica com isso e que também acho um problema na cinefilia atual, é em uma bizarra objeção em assistir centenas de filmes e desprezar o mundo a sua volta, o que irá apenas lhe dá um déficit de como destrinchar e interpretar as tais obras cinematógraficas; assista quantos filmes quiser mas nunca deixe de viver a sua vida (conversar com amigos, estudar, namorar) pois não se vive nos filmes, os filmes que vivem e são construídos neles.

Sei que parece besta a primeira vista mas; como irá entender o que faz um coming-of-age serem tão charmosos se vive recluso e se recusa a tentar amadurecer? Ou até mesmo entender um romance se nunca se apaixonou? Entender uma obra de manifestação política se tem aversão com política?

Tudo que pode ser visto para aumentar a experiência em consumir uma obra é posto a prova apenas para aumentar o número de filmes assistidos em uma rede social ou para se ter algum reconhecimento no meio cinéfilo por assistir uma obra cult e não tão conhecida.

Esses pensamentos fluiam recentemente na minha mente pela repercussão dos filmes premiados que me senti na obrigação de escrever sobre isso nesse meu velho blog que estava morto.

Com esse pequeno post também quero ressuscitar essa página e escrever mais aqui, então esse o primeiro de muitos posts novos, espero que tenham gostado dessas pequenas reflexões e se preparem que as próximas postagens eu falarei sobre filmes mesmo he he.


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