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A Favorita | Um Conto De Duas Trapaceiras

Bem, vocês se lembram do oscar de 2019? Eu lembro que os filmes que disputavam não tinham sido tão bons quando a de outras épocas, se você pegar a lista de indicados veremos que poucos iriam marcar ou ser mais falados no futuro com exceção de "A Star Is Born" por sua música chiclete, Roma por ser um divisior de águas no oscar e quem sabe "Green Book"por motivos de ódio a academia, que eu acho que mais acerta do que erra mas não neste caso.

Então é evidente demonstrar que eu gostei do filme, já não posso dizer se merecia o oscar por conta de ser apenas este um dos indicados que vi, mas entendo a torcida e a indicação, ainda mais diante de um ano de longas não tão memoráveis.

Na sinopse, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz) exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Ana (Olivia Colman). Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail (Emma Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes à oportunidade única.
A direção é de Yorgos Lanthimos, primeira vez que assisto um filme do diretor, ele sabe conduzir bem os atores e a câmera, além de conseguir usar muito bem o humor como quebra de tensão, mesmo que eu acredito que ele franqueje um pouco no terceiro ato, sim, eu falarei sobre aquele final mais adiante.

O diretor também utiliza capítulos para separar alguns segmentos do filmes, mas eles não agregam em nada e não acho eles engraçados.

O roteiro é feito por Deborah Davis e
Tony McNamara e realmente é muito bom, principalmente nos diálogos humorísticos e dramáticos além de tocar em pontos interessantes e que são tabus até hoje em dia, um desses é claro, é como eles falam de estupros de uma maneira mais banal do que hoje em dia, o que pode incomodar alguns.
Vamos falar das atuações que são o ponto alto do filme; Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone são um dos melhores trios de atrizes em um único filme que vi, principalmente pela Olivia Colman, ela atua muito bem nesse filme sendo a Rainha Ana, uma personagem complexa que por ela sentimos raiva, estranhamento e mais do que tudo, Pena, ela mereceu o oscar e ela é a melhor coisa do filme.
Rachel Weisz está divina principalmente nas cenas que atua ao lado da Olivia Colman, já a Emma Stone melhora cada vez que vejo ela, e mesmo que esteja fazendo aparições mais cômicas continua muito, muito boa.

Também queria destacar a atuação de Nikolas Hoult com um personagem cômico, mas ele ainda manda muito bem, de fato o único personagem masculino relevante.

A Disputa entre as personagens da Emma e da Rachel é feita de uma maneira que nos prende e que nos espanta com seu resultado, o ego e sedução dos personagens nos levam a momentos de tensão e dúvida, e ambas atrizes carregam muito bem isso.
Vamos falar dos Coelhos, quem assistiu sabe do que eu estou falando, pelo que percebo assistindo apenas esse filme, vejo que o Yorgos Lanthimos tem um fascínio em usar animais de forma simbólica para unir pontos dramáticos.

Spoleirs Moments

No geral do filme, percebemos que tanto Rachel como Abigail não são as pessoas que aparenta ser, Abigail não é inocente e sim manipuladora, Sarah não é cruel como imaginamos no começo, já que ela realmente ama a rainha e fala com sinceridade com ela mesmo que possa soar como grosseria.

Abigail pode ter conseguido o poder que ela queria, mas ao mostrar seu desdém a rainha, com o fato de pisar em um dos seus coelhos, Ana no final percebe que a amizade que achava que tinha não existia e com a frustação de perder sua verdadeira amiga, transforma Abigail em mais outra de suas frustações da vida, que são representados como coelhos ao longo do filme.

Eu gostei do longa, suas maiores qualidades são o roteiro e as atuações, a direção de Yorgos é boa mas não acretido que tenha sido a melhor do ano e não me anima em procurar outras obras dele.

No fim, o filme é um conto sobre trapaceiras que caem em suas próprias frustações por conta de seu ego que carregam.

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