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Cats é um filme de outro mundo [análise]



Quem me conhece sabia que eu era uma das poucas pessoas que não ironicamente estava ansioso para a estreia de Cats nos cinemas, eu gostava de Tom Hooper e acreditava que mesmo que a adaptação tivesse um pouco de bizarrice muitos iriam gostar, grande engano, o filme foi um fracasso nas críticas gerais e de bilheteria, conseguindo míseros 73 milhões, um belo prejuízo para a Universal Pictures que gastou 100 Milhões para fazer o longa.

O filme ficou um curto período nos cinemas, o que me impossibilitou de ir em um bom horário, resolvi deixar para o bom e velho torrent ou para caso um serviço de Streaming distribuísse a parada (o que ainda não aconteceu ), depois de algumas burocracias eu assisti o filme e bem....
...tenho muito o que falar.

Primeiro um pouco de história, Cats é um dos musicais da Broadway mais conhecidos e assistidos, tem uma grande legião de fãs mas sempre foi um tabu no meio da fanbase de teatro, já que muitos deles desprezam  principalmente o roteiro raso da trama, houveram várias tentativas de trazer a peça para os cinemas e uma quase se concretizou, já que em 1998 a peça ganhou uma versão gravada direto para DVD, aliás, a maioria dos vídeos que você assiste de Cats em espetáculo pertence a essa versão.
Porém apenas em 2019 que foi lançada uma versão cinematográfica e não era qualquer coisa, a universal era uma das produtoras que  mais investiam em adaptações da Broadway; como les miserables, Jesus Cristo superstar (sim, isso existe) e outros, eles chamaram o diretor Tom Hooper que já tinha sido elogiado pela sua versão de Les Mis, a produtora contratou vários artistas com tradição em Musical ou grandes cantores, além de chamar a principal bailarina do Royal Ballet, Francesca Hayward na qual irei falar mais depois...

Tom hooper teve então a difícil tarefa de fazer os atores se  parecerem com os felinos; mas como isso seria feito?maquiagem ou CG? Porém mais do que isso, ele e sua equipe criaram uma nova técnica de efeitos especiais que consistia em pelagem digital, como pequeno resumo, era uma cola de Cg em atores, mas que deixava todas as expressões visíveis.

E quando o trailer lançou a internet ficou louca, não bastasse o teaser de Sonic, aquilo estava pior e assustador, mesmo com a repercussão negativa, a pelagem digital foi mantida e o filme foi lançado com baixa divulgação, que consistia basicamente de aparições em talk shows (uma de um dos próprios atores, James Gorden), depois da estreia entrou nas famosas sessões de meia noite, feita para filmes trashs.

E depois dessa história, vamos falar do filme.

Os gatos cgs realmente pode te incomodar no começo, mas o que mais me incomodou no filme não foi a estética dos atores, algo que nos acostumamos no meio do longa, e sim dos bizarros movimentos que os atores faziam para imitar gatos, fica apenas uma vergonha alheia pairando no ar e fica a maioria das vezes muito estranho.

Na sinopse, uma tribo de gatos Jellicles precisa tomar a decisão de quem vai ascender para uma nova vida,cada gato conta a história da sua vida para a velha Deuteronomy (Judi Dench), na tentativa de ser escolhido.



Francesca Hayward é uma bailarina e atua como a personagem principal do filme, não tem muito o que falar da atuação dela, tem nada demais mas o framboesa a indicar a pior atriz mostra que a premiação apenas se sustenta em hypes exagerados para a galera assistir os seus "favoritos'' ganhando...

a trama da peça é praticamente nenhuma, se resumindo a um the voice de gatos; então a decisão do roteirista de colocar a gata Victoria (Francesca Hayward) como uma gata descobrindo a tal sociedade é um acerto, mesmo que nem todas as perguntas sejam respondidas ( o que raios é um Jellicle cat? ).

Os primeiros minutos são estranhos, já que mostra a tribo explicando para Victoria como funciona a sociedade e que gatos tem 3 nomes, é estranho, e não ajuda em nada ter uma dança artística no meio da música.

o roteiro de Tom Hooper e Lee Hall coloca um pouco mais de vilania no personagem do Idris Elba, o que é algo louvável, mas o vilão continua fraco e não dá muito conflito para a trama, simplesmente dispensável. 

Tem muitas cenas de dança no filme, Francesca dança bem e de vez em quando as cenas são bem colocadas na trama; outras nem tanto e fica apenas uma sucessão de danças bizarras que pouco acresenta para a história.

Falando um pouco dos atores, nenhum realmente se destaca, Jason Derulo virou um figurante de luxo já que o mesmo canta apenas uma música e depois aparece no fundo das cenas, James Gorden e Rebel Wilson são o núcleo cômico mais sem graça que vi em musical; o filme funciona muito mais em comédia involutória do que as tiradas da Rebel Wilson.


Taylor Swift mal aparece no filme, sua música nova para o longa entra bem na trama e é boa, mas fica esquecida pelos momentos bizarros do filme, e coitada da Jennifer Hudson, ela tinha uma atuação muito pesada para um filme com roteiro mega raso.

A cena da música Mr.Mistoffelees é bem menos exagerada que na peça, um ponto positivo, mas continua estranho.

Falando nisso, o gato Mistoffeless consegue salvar a Judi Dench das garras do Idris Elba pelado, mas quem ganha a nova vida é a personagem da Jennifer Hudson?! esse mundo não faz sentido.

A direção de Tom Hooper funciona em algumas cenas musicais, como por exemplo a cena da música ''Mungojerrie And Rumpleateazer'', mas o resto não se salva, Tom Hooper é conhecido por fazer vários closes na caras dos atores e nesse filme essa tática fica terrível, Memory e várias outras canções fica com tantos cortes e closes bizarros nas cenas que chega a assustar.

O final é estranho, tu acha que vai acabar em uma determinada parte mas a Judi Dench decide aumentar o desconforto fazendo um monólogo mega confuso sobre gatos.
  
Se eu achei o filme o pior da década?

Eu não, mas não tiro a razão de quem acha, eu me diverti com a bizarrice do filme.

O filme com certeza não virou cult á toa, você ri dele mas dele mas também fica assustado com a bizarrice, Cats é um filme que tu tem que assistir pelo menos uma vez, caso goste de um bom filme trash ou quer assistir algo bem diferente para sair da rotina.  







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