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Cats, Teatro, Tom Hooper e Realismo




Cats de 2019 é com certeza um dos filmes que mais me marcaram, isso não significa exatamente que seja um bom longa, mas esse foi o filme em que acompanhei a produção, o marketing, lançamento e o reconhecimento de ser uma péssima obra, e realmente cats é tão icônico e bizarro que preciso fazer apenas mais um outro blog sobre ele, agora dando um pouco mais de ênfase na peça original.

Cats é um musical que estreou em 1981 baseado nos poemas de Ts Eliot sobre gatos, a peça tinha músicas compostas por Andrew Llyod Webber e direção de Trevor Nunn, diretor da Shakespeare Theater que adicionou o mínimo de enredo para a peça e finalizou memory, música mais famosa da obra.
*Trevor Nunn

E a explosão de Cats foi simplesmente imensa e inesperada na época, hoje em dia nós conseguimos entender o apelo universal de cats, ela trazia as crianças para verem os gatos dançando e cantando de forma lúdica, trazia os adolescentes para verem o Rum tum tugger com collant apertado e gatas sexys ( essa obra bizarramente é mais sexy do que você imagina) .
*eu sei que essa piada é da Lindsay Elis mas eu precisava usar aqui também.

E claro, trazia os adultos com todo o conjunto, era uma obra que mexia com as emoções com belos visuais e músicas, ambas coisas que o público estrangeiro poderia curtir por serem simples e sem precisar saber o roteiro quase que inexistente da peça.

Então cats realmente estava na boca da galera e uma adptação era quase que iminente, porém como a adptação da Amblin foi por água a baixo, os fãs tinham que se contentar com o proshot direito para dvd lançado em 1998, mas não me entenda a mal, o dvd é ótimo e com certeza melhor que a aberração do filme.
A Universal então teve a idéia de fazer uma adptação de alto orçamento de cats pros cinemas escalando Tom Hooper como diretor, parece uma boa escolha já que ele tinha dirigido a adptação de 2014 de Os Miseráveis, mas uma coisa que eles não tinham se lembrado era que TOM HOOPER NÃO SABE DIRIGIR MUSICAIS. 

Oh que grande revelação, parece que eu vou ganhar o prêmio pulitzer do próximo ano.

Tom Hooper é um diretor sedento em realismo, o que é um erro fatal em musicais, principalmente em cats que é uma quebra da quarta parede o tempo todo, além de ser uma peça totalmente fora de qualquer senso de realismo.

Então ele decide utilizar a gata Victoria (intepretada por Francesca Hayward) para ser os olhos do público, isso poderia até funcionar caso eles não resolvesem quebrar do nada a quarta parede em um final ridículo e desconfortável com a Judi Dench conversando sobre gatos bem na sua frente por 5 minutos.

Não é atoa que a peça funciona melhor, uma coisa legal que faz a audiência entrar na experiência lúdica é que no começo do musical os gatos entram no palco pelo corredor da frente passando pelos telespectadores, além das músicas serem basicamente gatos falando sobre outros tipos de gatos para o público.

Realismo e cats não se misturam e contratar um diretor de oscar-baits talvez não tenha sido a melhor das idéias, pois cats nunca precisou disso para fazer sucesso, como disse Frank Rich em 1982 no New York Times:

A peça original nunca precisou de maquiagens realistas ou roteiros complexos, ela precisava da suspensão de descrença pelo meio que se flui, essa no teatro, algo que o realismo Hoperiano, nunca conseguiria. 


A coreógrafa Gillian Lyne construiu a coreografia da peça original e queria muito mais trazer a lembrança de movimentos de felinos mas nunca copiar eles, diferente do filme com a Judi Dench abrindo a perna e os gatos se esfregando muito mais do que devia.

A obra original não necessitava de grandes famososo intepretando já que era uma peça com músicas cantadas pelo ensemble(  atores que cantam em conjunto) e enquanto o filme tenta chamar a atenção chamando astros de Hollywood, eles cometem o erro fatal de mudar o foco de algumas músicas que antes eram cantadas em coro para transformar em um solo de um ator só, quebrando a harmonia musical de muitas canções.

Hooper fatalmente tenta por alguma razão arrastar a obra para um conteúdo mais "oscar" e isso é feito de maneira muito porca com os close ups nas caras dos atores com pelagem digital.

É muito mais fácil ser que nem os idiotas da Rebel Wilson e do James Gordon e xingar a equipe de efeitos visuais, porém o problema está muito mais na insistência bizarra de Tom hooper em se desvirtuar do material original sem adicionar nada de concreto e que explique as mudanças do que o quesito técnico, que mesmo com falhas fez um trabalho próximo do real, sendo assim aterrorizante.

Mais do que uma explosão de bilheteria da broadway, Cats foi quando o teatro mostrou para Hollywood que é preciso diretores comptentes para serem adptados e que eles são uma mídia que merece mais respeito.


*Aliás esse post tá sendo postado bem no dia de aniversário de uma das atrizes do filme Cats,descobri agora um pouco antes de postar, parabéns para Francesca Hayward além dela ser a única pessoa do filme que fez um ótimo trabalho.



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